segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A CRIANÇA E O FURACÃO


Eu rio quando penso...
Acho graça no pensamento porque o
sentimento
É de perplexidade.
A perplexidade de uma criança que vê um
furacão
Se aproximar pelo leste e sorri,
Achando tudo bonito e dando graças.
Até que o furacão chega
E sacode tudo em volta
E espalha a poeira
E revolve os papéis pelo chão
E destrói o que está podre,
E só o que resiste a ele é o solidamente firmado.
E,
Apesar da dor,
A criança ri alto
Porque o furacão brinca de roda com seus cabelos,
Levanta o seu vestidinho florido
E sacode as meias frouxas em torno das canelas,
Fazendo-lhe cócegas.
Ela joga os bracinhos para cima
E abraça o furacão.
E o furacão sorri e sossega...
Agora,
A perplexidade dá lugar
À transformação.
A criança agora é mulher
E já sabe sorrir com malícia.
Uma malícia ingênua, que beira a peraltice
Porque o gosto da malícia é estranho,
novo e lindo.
O corpo meio que desperta,
Tonto de prazer e de susto.
A alma abre os olhos e encara sua própria
face.
As emoções rompem a barreira do som
(música)
E se derramam sobre lençóis enrolados.
Agora,
A transformação dá lugar
À realidade.
A mulher agora é feliz
E não tem medo de nada.
A mulher agora
Possui o que é seu.
Re-aprendeu a viver.
Re-aprendeu a amar.
A cor do coração agora é outra...
O caminho agora é outro
E leva para algum lugar,
Finalmente.
A mulher sorri
Se lembrando
Da perplexidade da criança
E encara o furacão.
O furacão sorri com malícia,
Levanta o vestido florido
E lhe faz cócegas
Na barriga.
Ela fecha os olhos
Para beber de suas próprias lágrimas felizes.
Treme, geme,
E se sente linda
Porque se sente amada.
Se sente linda
Porque se sente amando.
Se sente linda
Porque ama, apenas ama.

Um comentário:

  1. Engraçado que eu tenho a sensação que a criança na verdade é um furacão que nos ensina de uma maneira única a força e o poder de um verdadeiro amor, melhor, de um puro amor.

    Já estou seguindo o blog e digo tenho uma leve inveja pois adoraria expressar num papel o que sinto o que vejo e o que penso.

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